Notícias


Resgatando a Memória: Mesa literária destaca a importância da cultura indígena e afro em Vitória da Conquista
27 de novembro de 2023

A primeira edição da Feira Literária de Vitória da Conquista promoveu uma discussão sobre a história indígena e afrodescendente na cidade e na luta pela Independência da Bahia

No último sábado (18/11), o Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima foi o palco da mesa literária intitulada “Formas e vozes da presença indígena e afro nas artes plásticas: resíduos da luta pela Independência da Bahia”. O evento contou com a participação do historiador e artista plástico Gilvandro Oliveira, da historiadora Renata Oliveira e da advogada Juliana Oliveira.

Mesa literária 4: Formas e vozes da presença indígena e afro nas artes plásticas: resíduos da luta pela Independência da Bahia.

 

 

A primeira edição da Feira Literária de Vitória da Conquista, centrada no bicentenário da independência da Bahia, promoveu uma discussão sobre as formas e vozes da presença indígena e afrobrasileira como um elemento crucial para a compreensão e reconciliação com o passado. Em um contexto onde a história indígena é invisibilizada e negligenciada, a abordagem desse tema nas artes plásticas assume um papel transformador ao evidenciar a riqueza da cultura originária da cidade.

Renata Oliveira ressaltou a importância da FliConquista ao fornecer uma plataforma específica para discutir a questão indígena e territorial. Para ela, dedicar uma mesa exclusiva a esse tema é uma oportunidade de destacar a presença indígena em Vitória da Conquista e estimular a reflexão da população sobre a influência indígena na história da cidade.

A mesa contou com a presença do artista Gilvandro Oliveira, que busca através de sua arte reconectar-se com seus ancestrais, os povos indígenas que habitavam o planalto da Conquista. Ele produz a tradicional paneleira e destaca que sua identidade artística é fortemente enraizada na natureza.

Durante sua fala na mesa, Gilvandro enfatizou a importância de ter um espaço para visibilidade da cultura indígena. Conquista nunca deu espaço para nossas manifestações culturais, e eu falo porque a única peça que eu tinha no Museu de Nossa Senhora da Conceição foi retirada, nem Vando Oliveira está representado lá, ou seja, Vitória da Conquista tem um dívida muito grande com nosso povo, a gente não tem nada da memória indígena, nenhuma obra representada.

Artista plástico Gilvandro Oliveira.

 

“É muito importante ter a fala dos povos indígenas e também dos povos quilombolas dentro de eventos como esse, porque é uma forma de potencializar a nossa luta e trazer os assuntos que são ofuscados durante nossa trajetória. Agora, nós temos a oportunidade de falar na condição de convidados e de não ter nossa voz reverberada por outras pessoas, mas nós mesmos termos essa voz e esse poder de falar para propagar nossas lutas e dizer que somos resistência.”, afirmou Juliana Oliveira, indígena mongoió da comunidade Ribeirão dos Paneleiros, situada na região da Batalha, na zona rural de Vitória da Conquista.

A presença das narrativas dessas comunidades nas obras de artistas locais não apenas ilumina a rica herança cultural desses grupos marginalizados, mas também desafia as interpretações tradicionais, redefinindo a perspectiva sobre a identidade local. Ao dar voz às experiências silenciadas e explorar as contribuições artísticas dessas comunidades, a FliConquista não apenas celebra a independência, mas também promove um diálogo inclusivo que reconhece e valoriza as múltiplas camadas de história que moldaram nossa história.

A FliConquista é realizada pelo Coletivo Barravento, composto por professores, produtores culturais, intelectuais e entusiastas da literatura, e conta com a parceria do Studio Palma e o apoio da Fundação Pedro Calmón, Governo do Estado da Bahia e Governo Federal do Brasil. A programação é completamente gratuita.

Para acompanhar todas as atualizações e informações sobre a FliConquista, siga o evento no Instagram.

Texto: Jenifer Vital. Parceria FliConquista, sob orientação de Paula Janay, e Avoador, produto laboratorial da disciplina Jornalismo Digital, do curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

Fotos: Gabriela Nascimento.